Alunos de faculdade reformam salas de escola pública em Cuiabá
Alunos e professores dos cursos de arquitetura e design de interiores de uma universidade particular de Cuiabá têm realizado um projeto para revitalizar setores de uma escola pública de ensino infantil. Os ambientes são remodelados para o melhor aprov
Alunos e professores dos cursos de arquitetura e design de interiores de uma universidade particular de Cuiabá têm realizado um projeto para revitalizar setores de uma escola pública de ensino infantil. Os ambientes são remodelados para o melhor aproveitamento das crianças e todos materiais utilizados nas reformas são reciclados. Um espaço já foi retrabalhado.
O projeto de reforma solidária, que é desenvolvido pela Universidade de Cuiabá (Unic), começou há cerca de um ano e está sendo realizado na Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) Dom Bosco do Praeirinho, no Bairro Praeirinho, na capital.
A sala de leitura e contação de histórias foi pintada, recebeu nova decoração e alguns mobiliários novos para guardar livros, CDs e DVDs didáticos. A próxima deve ser uma sala de jogos, além de uma sala de apoio a aprendizagem, que devem receber mobília nova e passar por uma transformação em relação ao aproveitamento de espaços. Os jardins da unidade também devem receber algumas espécies de plantas.
São cerca de 12 universitários voluntários, divididos em vários núcleos, que participam das ações. Eles aprendem a parte teórica em um escritório modelo na universidade e colocam em prática as alterações nas escolas.
De acordo com Márcia Silvia Miranda, que é professora responsável pelas atividades, uma das ideias é trabalhar a questão lúdica nos ambientes, já que o espaço é ocupado por crianças. Ela afirmou que uma das partes tocantes do projeto é ver a boa recepção dos menores em relação aos trabalhos.
“As crianças têm muito carinho com as coisas. Elas se apegam mesmo às pequenas mudanças que nós fizemos, não houve deterioração nenhuma. É muito bonito como elas têm zelo por esse local”, contou.
Reforma solidária já retrabalhou um espaço e outros três já estão sendo estudados (Foto: Carlos Palmeira/G1)
A professora argumentou que uma das dificuldades desses ambientes é lidar com a utilização correta dos materiais que eles recebem e que a atuação dos acadêmicos segue também nesse sentido, de orientar os coordenadores da unidade de ensino em relação ao uso mais indicado de determinados mobílias e objetos.
Márcia diz ainda que uma das missões é quebrar um esteriótipo que a área é enquadrada por algumas pessoas. “A arquitetura tem aquela visão de coisa elitizada, que serve apenas para pessoas com muito dinheiro. A gente precisa lembrar que ela está ligada a urbanização, também. Além disso, nós prezamos pelo bem-estar e pela qualidade de vida do usuário de determinado local. E isso é um negócio aplicável para essa escola e outros ambientes populares”, disse.
Segundo Paula Libos, coordenadora dos cursos de arquitetura e design de interiores da Unic, a ideia de atuar dessa forma partiu dos próprios alunos. A missão, agora, é fazer com que todos esses jovens universitários possam aprender a importância da solidariedade e do altruísmo.
“Queremos mudar a universidade. O objetivo disso tudo é fazer com que os alunos possam atuar de forma mais próxima da comunidade e para que eles possam virar agentes de mudança”, explicou.
Ela lembrou que os espaços serão trabalhados de forma lúdica, uma vez que a escola é de ensino infantil, e que todo o projeto buscar atender parte da lei 11.888 de assistência técnica. A norma, que passa por dificuldades em relação ao cumprimento no país, assegura que as famílias de baixa renda têm a assistência técnica pública gratuita para projetos e construção de habitações de interesse social.
Alunos de faculdade reformam salas de escola pública em Cuiabá (Foto: Carlos Palmeira/G1)
A coordenadora da escola, Zélia Conceição da Silva, contou que o trabalho tem feito muita diferença na vida dos alunos. “Para as crianças, mesmo uma pequena alteração é muito especial. Elas sentem que existem pessoas olhando para elas e elas apreciam muito isso”, relatou.
Zélia fez questão de lembrar sobre a importância das pessoas ajudarem as escolas com doações e que a escola está aberta para o auxílio da comunidade. Além disso, ela contou que foi muito gratificante receber esse projeto.
“Nós ficamos muito agradecidos com tudo isso. Vivemos em mundo tão individualista que precisamos mostrar para as crianças que existem esses tipos de iniciativas de pessoas que pensam no próximo”, lembrou.
Alunos
A estudante Isabela Dalalio, de 20 anos, que está no terceiro semestre do curso design, afirmou que esse tipo de experiência é importante no aspecto técnico e mais ainda no aspecto humano.
“Quando a gente chega, elas [crianças] já veem brincar com a gente e fazer elogios. Essa atuação nossa além de poder fazer as outras pessoas felizes, proporciona para esses alunos um ambiente de estudo mais aconchegante e nós dá certa bagagem de conhecimento em troca”, disse.
A jovem diz que nunca tinha pensado em participar de um projeto como esse, em um bem público, mas que agora pretende repensar sua atuação futura no mercado de trabalho. “Quando a gente vê a alegria das crianças, nós percebemos que talvez seja até mais gratificante do que trabalhar em uma residência ou em um local fechado”, defendeu.
Alunos de faculdade reformam salas de escola pública em Cuiabá (Foto: Carlos Palmeira/G1)
Já o discente do sexto semestre de arquitetura Mateus Gustavo Santos Braga, de 23 anos, lembrou que as duas áreas acadêmicas não trabalham apenas questões que envolvem a aparência de determinadas edificações.
“Arquitetura e design de interiores não envolvem só estética, envolvem também conforto e tudo aquilo que proporciona bem-estar para o usuário. Procurei fazer arquitetura por causa disso. Gosto de atuar pensando na necessidade que as pessoas têm em relação ao conforto de um ambiente”, argumentou.
Ele lembrou que além do projeto melhorar a relação das crianças com o espaço escolar, os acadêmicos têm ensinado para os menores também “o uso correto dos materiais reciclados em relação com o ambiente e também proporcionado um ensino aos alunos da escola de como cuidar e zelar por esse local de ensino”, finalizou.
Fonte: G1 MT
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