Baleado por segurança de Riva afirma que buscava água em rio
A Polícia Judiciária Civil descobriu que os tiros na caminhonete pertenciam às armas dos próprios seguranças.
A reportagem do Gazeta Digital ouviu vítimas do ataque registrado no sábado (5), dia em que 9 pessoas foram feridas e uma morreu na Fazenda Bauru (Magali), em Colniza (1.016 km a noroeste de Cuiabá), cuja posse é do ex-deputado estadual José Riva. Uma das vítimas, o trabalhador rural Manoel Ferreira, 39, conta que feridos foram pegos de surpresa, sem qualquer chance de reação, quando buscavam água em um dos córregos que passa pela região. O trabalhador Elizeu Queres de Jesus, 38, morreu ainda no local.
“Eles [seguranças] falaram que nós atiramos na lateral da caminhonete, mas ninguém tinha arma, só tinha um senhor com uma foice, e a caminhonete estava de frente para a gente”, conta Manoel. “Eles acharam que a gente estava armando trincheira para eles, mas ninguém está querendo isso não”, concluiu.
Manoel contou que um primeiro grupo, de 5 pessoas, foi alvejado. Quando os demais foram ver os motivos dos disparos, os seguranças atiraram mais, atingindo outras pessoas. Os tiros, segundo Manoel, duraram 8 minutos. Desesperados, os posseiros correram em direção ao mato que cercava a estrada.
“O tiro que me acertou era para pegar no peito, mas eu virei para fugir e pegou no meu braço, a bala atravessou o braço”, conta. “Eu recebi alta mais vou ter que ir no ortopedista porque não estou sentindo 3 dos meus dedos da mão”, afirma.
Socorro improvisado
A Comissão Pastoral da Terra denunciou, no dia do ataque, que a Polícia Militar proibiu a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no local do conflito.
Segundo o presidente da Associação dos Trabalhadores Rurais da Gleba União, Derisvaldo Corrêa de Sá, os posseiros percorreram 35 quilômetros em carrocerias de caminhonetes, motos e carros até o hospital André Maggi, em Colniza.
“A polícia militar não deixou prestar socorro, eles fizeram a ambulância voltar na estrada, nós levamos o pessoal em um Fiat Uno, em uma caminhonete F1000 e outra Hilux, porque o Samu foi barrado pela PM”, conta Derisvaldo.
Denúncia dos seguranças
Um áudio que circula nas redes sociais mostra o que seria uma suposta denúncia dos seguranças de Riva contra os posseiros. No áudio, um dos homens da empresa de segurança Unifort Segurança Patrimonial, contrata pelo ex-deputado, diz que os posseiros estavam munidos de armas “longas”.
“Estão com arma longa, 12, carabina, pistola e 38, nós acertamos de 4 a 5 pessoas, inclusive mulher, eles vieram para cima da gente e a gente não deixou, o negócio aqui vai ficar louco”, diz trecho do áudio.
A tese de que os seguranças apenas responderam aos supostos tiros dos posseiros foi rejeitada pelo delegado Alexandre da Silva Nazareth.
A Polícia Judiciária Civil descobriu que os tiros na caminhonete pertenciam às armas dos próprios seguranças.
Foram apreendidas 4 armas de fogo, sendo uma espingarda calibre 12, duas pistolas 380, e um revólver, calibre 38. Os suspeitos foram autuados em flagrante por um homicídio consumado e nove tentativas de homicídio.
Polícia civil
Apenas um investigar e um delegado trabalhavam no município. Os dois policiais fizeram jornada dupla, trabalhando durante a madrugada para colher os depoimentos que levaram à prisão seguranças contratados por Riva. A delegacia, que normalmente tem 5 policiais, está com 3 afastados por licença médica. Fonte: Gazeta Digital
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