Brasil intriga autoridades de saúde que estudam a microcefalia
O número de casos de microcefalia no Brasil em comparação com outros países afetados pela epidemia de zika está despertando a atenção das autoridades de saúde. De acordo com o último boletim epidemiológico da Organização Pan-Americana de Saúd
O número de casos de microcefalia no Brasil em comparação com outros países afetados pela epidemia de zika está despertando a atenção das autoridades de saúde. De acordo com o último boletim epidemiológico da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), até agosto foram confirmados 1.845 casos de bebês nascidos com malformações no Brasil, em uma população de 206 milhões. As informações são da rede britânica BBC.
O segundo país a registrar maior incidência de malformações congênitas é a Colômbia, com 29 casos confirmados em uma população de 47 milhões.
Em uma comparação simplificada, o Brasil tem população cerca de 4,3 vezes maior do que a do vizinho, mas registra 63 vezes mais casos de malformações, segundo demonstrou a BBC.
Ao todo, infecções por zika foram observadas em 72 países desde 2007, porém apenas 20 desses reportaram malformações no sistema nervoso de bebês associadas ao vírus. Entre eles, quatro foram episódios de infecção ocorridos fora do território.
A questão do número de casos de microcefalia no Brasil foi debatida no 4º encontro do comitê emergencial da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o tema, que terminou na última sexta-feira em Genebra, na Suíça.
“Há enormes variações e precisamos responder a pergunta: isso ocorreu simplesmente porque o vírus atingiu a população em um outro momento, e há apenas um lapso de tempo? Estamos apenas aguardando que as complicações apareçam? Ou outros fatores contribuem fazendo com que, em uma parte do mundo, a doença resulte em maiores complicações do que em outra?”, indagou o diretor do comitê, o médico David Heymann.
Entre diversas teorias, o argumento mais aceito era o de que os surtos haviam iniciado anteriormente no Brasil e se alastrado para o resto da América Latina, portanto seria apenas uma questão de tempo até a microcefalia atingir altos números na região como um todo.
Para o virologista da USP Paolo Zanotto, a cepa (linhagem) do vírus, o lapso do tempo desde o início da epidemia, a interação com outras doenças e as condições socioeconômicas são os fatores mais prováveis por trás da discrepância.
Zanotto ressalta que a desproporcionalidade de casos nos Brasil depende da compreensão do fenômeno como um todo. “A gente precisaria ter estudos de sorologia retroativos nas populações para entender em que ponto estamos, quantas pessoas de fato foram infectadas”, afirma.
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Fator. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um ponto a ser destacado. Segundo o professor Paolo Zanotto, a maioria dos bebês afetados nasceu em comunidades cujo IDH é baixo.
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