Com medo de ser filmado, Silval pedia para deixarem propina no banheiro do Paiaguas
Situação foi revelada por Pedro Nadaf; César Zílio e Eder Moraes também já haviam citado banheiro do Paiaguas em depoimentos
O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) recebia o dinheiro de propina, dos diversos esquemas de corrupção de seu governo, em um closet do banheiro de seu gabinete no Palácio Paiaguás. A afirmação é do ex-secretário de Estado, Pedro Nadaf, em acordo de delação premiada à Procuradoria Geral da República (PGR). O termo foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Conforme Nadaf, Silval era discreto “e tinha receio que pudesse estar sendo gravado/filmado”. Sendo assim, ele pedia para que os secretários – que participavam da organização criminosa – colocassem o dinheiro da propina direto no closet anterior ao banheiro.
“[...] quando Silval Barbosa determinava que o colaborador [Pedro Nadaf] fizesse algo com o dinheiro para ele, como esse era o local onde o dinheiro das propinas permanecia ‘guardado’, era o local onde o colaborador se dirigia para pegar os valores e dar o destino determinado pelo governador”, destaca trecho da delação.
A propina recolhida por Nadaf, e por outros secretários, vinha de esquemas como incentivos fiscais concedidos indevidamente a empresas que não ofereciam a contrapartida social para receber tal benefício. Também pagavam propina empresas que mantinham contratos com o Governo do Estado.
Nadaf foi secretário de Indústria e Comércio e chefe da Casa Civil do governo Silval Barbosa entre os anos de 2010 a 2014. Anterior a isso, ele também atuou na gestão de Blairo Maggi, hoje Ministro da Agricultura.
Nos depoimentos à Procuradoria Geral de República Nadaf revela uma série de esquemas fraudulentos que vigorou entre os anos de 2007 a 2014.
Entre os atos de corrupção confessados pelo ex-secretário estão às informações que embasam a operação Sodoma, que investiga crimes de desvio de dinheiro público realizado durante desapropriações milionárias pagas pelo Governo Silval Barbosa durante o ano de 2014.
Dentre as desapropriações consta o imóvel Jardim Liberdade, localizado na região do bairro Osmar Cabral, em Cuiabá, que está avaliado em mais de R$ 30 milhões.
Segundo Nadaf, parte desse montante foi desviado para pagar dívidas de campanha da organização criminosa montada na cúpula do Governo Silval Barbosa.
PROPINA NO BANHEIRO
Essa não é a primeira vez que um ex-integrante do Governo do Estado relata que Silval Barbosa recebia propina no banheiro de seu gabinete. Antes, o ex-secretário Eder Moraes, em depoimento ao Ministério Público Estadual onde iniciava uma proposta de colaboração premiada havia citado o local como um dos lugares onde estaria um "caderno de espiral" onde o ex-governador anotava sobre as operações da organização criminosa. Posteriormente, o ex-secretário se retratou.
Outro que falou que deixava dinheiro no local era o ex-secretário de Administração, César Zílio. Ele disse que recebia os pagamentos da empresa Consignum e levava para Silval. O dinheiro, que não era entregue nas mãos do ex-governador, era deixado no banheiro do Paiaguás.
Fonte: Folha Max
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