Deputado quer expulsar indígenas das suas terras tradicionais
Para o parlamentar, a retirada dos produtores rurais do local, que é propriedade indígena, foi tratada de maneira ideológica por muitos representantes públicos ignorando os pareceres técnicos e jurídicos
O deputado federal José Medeiros (Pode) propôs a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o processo de demarcação da reserva indígena Marãiwatsédé/ Suiá Missú, efetivada entre 2012 e 2013, em Mato Grosso.
Ele quer a contraprova e análises periciais dos laudos antropológicos que embasaram a retirada dos 165 mil hectares da posse de pequenos produtores rurai, para devolver ao povo indígena Xavante.
Para o parlamentar, a retirada dos produtores rurais do local, que é propriedade indígena, foi tratada de maneira ideológica por muitos representantes públicos ignorando os pareceres técnicos e jurídicos.
"Infelizmente a pauta indígena foi pano de fundo para muita gente alimentar seu fanatismo ideológico durante os governos do PT. Órgãos como a Funai e o Ibama foram utilizados para isso”, argumentou o deputado.
Medeiros acredita que não terá dificuldade de alcançar as 171 assinaturas necessárias para instaurar a CPI na Câmara.
“O que estamos defendendo é a reabertura do processo para que o Brasil tenha a certeza que todos os trâmites técnicos e jurídicos foram realmente respeitados ou se houve algum tipo de direcionamento. Queremos conhecer a robustez das informações colhidas, confirmar se foram verificadas e dar uma resposta a tantas famílias de pequenos produtores que viram seus entes se suicidarem em função da criação da reserva”, disse o parlamentar.
O deputado considera uma irresponsabilidade não revisar as deliberações como a Suiá-Missú para que o Brasil se livre de eventuais manchas históricas deixadas nos últimos anos. “Precisamos saber tudo que envolveu essa demarcação, inclusive se haviam interesses internacionais e a provável interferência de ONGs nacionais e internacionais. Sabemos muito bem que muitas organizações se escondem em causas sociais para servir a interesses econômicos ocultos. O que queremos é a verdade”, conclui Medeiros.
Contudo, o cacique Agnelo Temrite Wadzatse afirmou que os Xavante só tomaram de volta o que lhes foi roubado.
"Os posseiros, entre eles políticos e fazendeiros, falam que estão na terra há 40 anos. Afirmamos que, nós Xavantes, fomos expulsos do nosso território, através de uma deportação oficial, que marcou profundo na história do nosso povo. Marãiwatsédé é dos Xavante. Não está à venda! Tomamos o que nos foi roubado", afirmou o cacique.
Demarcação
Entre os anos de 2012 e 2013, 97 famílias foram retiradas da terra Xavante após decisão judicial do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou a imediata retirada dos não-índios do local. Na época, um grupo, que era contra a retirada dos posseiros, passaram a atrapalhar o processo para liberar a área e tentaram por diversas vezes reocupar as terras.
Os denunciados teriam formado uma ‘organização’ que cometeu diversos crimes, entre eles ameaças contra policiais rodoviários e militares que trabalhavam na retirada dos posseiros, invasão e destruição de uma sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) e diversas ameaças a líderes que apoiavam a causa indígena na região do Araguaia.
Rodovias foram bloqueadas, carros oficiais destruídos e ocorreram conflitos entre os posseiros e policiais. Uma operação da Polícia Federal, em agosto de 2014, prendeu os principais líderes do grupo.
Fonte: Muvuca Popular
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