Entidade vê omissão do Governo de MT e teme mais mortes
O coordenador da CPT, Paulo César Moreira, diz que existem conflitos, como o da Fazenda Magali e da Gleba Terra Roxa, que estão desde 2011 sem solução e por isso a população local teme que novas mortes aconteçam.
A CPT (Comissão Pastoral da Terra) acusa o Intermat (Instituto de Terras de Mato Grosso) de ter sido omisso na resolução de conflitos na região de Colniza, onde nove pessoas foram assassinadas no último dia 19.
O coordenador da CPT, Paulo César Moreira, diz que existem conflitos, como o da Fazenda Magali e da Gleba Terra Roxa, que estão desde 2011 sem solução e por isso a população local teme que novas mortes aconteçam.
Moreira conta que a entidade, que é ligada à Igreja Católica, já esperava e temia que algo grave, como a chacina na Gleba Taquaruçu, pudesse acontecer, devido aos registros históricos de conflitos de terra no local.
“É uma região de um grau elevadíssimo de disputas de terras. São terras que têm muita madeira. A retirada ilegal de madeira é algo muito forte naquela região. É uma área de minério. Então as famílias que estão ali todas correm risco, todas que estão com terra”, disse Paulo César.
O coordenador diz que até agora, mais de uma semana após chacina, ainda não há certeza de que todas as pessoas que estavam na gleba já tenham sido encontradas.
“A gente tem notícia de pessoas desaparecidas até hoje, que fugiram durante a chacina e que podem estar ou em algum canto escondidas com medo, ou perdidas, ou, em uma última instância, que estejam mortas também”, conta Moreira.
Paulo conta que membros do CPT foram até a região verificar a real situação das famílias. E que muitas já não querem voltar para a terra por medo.
“O medo é algo muito forte agora em cima de muitas famílias. É algo constatável, porque, enquanto não houver uma rigorosa investigação, uma prisão, não tem como as famílias terem segurança, porque pode ter uma ameaça de retorno”, afirma o membro da coordenação do CPT.
Moreira diz que não só a Gleba Taquaruçu, mas todo Município de Colniza precisa de uma ação efetiva e permanente do poder público, por ser uma região de grande disputa de terra. Ele ainda reclama da omissão do Governo e do Judiciário.
“A responsabilidade do Governo pra nós é total. Você tem, por exemplo, a Gleba Gama Lote 10, onde a CPT levantou já mais de 300 boletins de ocorrência de violência do fazendeiros contra as famílias e não há nenhum inquérito aberto contra esses fazendeiros”, disse Paulo.
Ele acredita que a omissão tem causado impunidade, agravado as situações e deixado muitos fazendeiros com força e licença para perseguir, expulsar e, como no caso de Taquaruçu, até matar.
Paulo Moreira disse que o CPT trabalha realmente com a possibilidade de ser um crime encomendado por fazendeiros e que as famílias que estão querendo plantar e viver nessas terras sofrerão represálias, como muitas já sofreram. E frisa a necessidade de uma investigação rigorosa.
“São notícias que a gente precisa de uma garantia, as famílias precisam. Porque como vai ficar a situação dessas famílias agora? Elas vão poder voltar para a terra? Qual a segurança de quem retorna pra terra? Então isso é algo muito preocupante, porque não foi um crime qualquer, foi um crime que quis amedrontar e esvaziar a terra. Um crime de uma gravidade muito grande”, diz Paulo César Moreira.
Colniza Notícias/Midia News
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