Faculdade expulsa três universitários após trote com creolina e larvicida
Três universitários do curso de agronomia foram expulsos da Faculdade da Amazônia (Fama) por estarem envolvidos no trote violento que deixou 12 calouros feridos, em Vilhena (RO). Durante o trote, realizado no último dia 15, os veteranos jogaram creoli
Três universitários do curso de agronomia foram expulsos da Faculdade da Amazônia (Fama) por estarem envolvidos no trote violento que deixou 12 calouros feridos, em Vilhena (RO). Durante o trote, realizado no último dia 15, os veteranos jogaram creolina e larvicida nos estudantes novatos, o que causou várias queimaduras pelo corpo. Depois do episódio, a instituição uma comissão para apurar o fato e adotar as medidas cabíveis.
A presidente da mantenedora da Fama, Rosangela Cipriano, explica que durante a suspensão de dez dias, a comissão ouviu as vítimas, os suspeitos e coletou imagens do trote. Depois do material colhido, a comissão concluiu que três alunos lideraram o trote violento, pois tiveram a iniciativa de levar a creolina para a instituição.
De acordo com Rosangela, o critério utilizado pela comissão para a expulsão dos três alunos foi o da gravidade. "Os alunos receberam a penalidade em conformidade com sua participação. A expulsão é a pena máxima que a instituição utiliza no seu regimento para punir atos intoleráveis. Eles organizaram o trote por uma rede social e esses três alunos traíram o grupo, pois o grupo não sabia que eles levariam a creolina", ressalta.
Além da expulsão, quatro alunas foram repreendias por escrito e deverão ser submetidas a acompanhamento psicoterápico pelo prazo de 90 dias. Outros cinco alunos foram suspensos por 60 dias. "As moças colaboraram cortando o cabelo, vigiando os sapatos, e tiveram participação menor. Já os alunos que levaram suspensão por 60 dias, usaram tinta automotiva, pintaram os cabelos dos meninos e moças, e usaram lepecid", ressalta.
A faculdade apurou que o trote violento teve 12 vítimas e que os veteranos envolvidos são todos do curso de agronomia, sendo estudantes do 3º e 5º período. A presidente da mantenedora afirmou que as vítimas e suas famílias receberam apoio psicoterápico e que o procedimento de apuração será encaminhado à Delegacia de Polícia Civil. “Eles infringiram o regimento interno e agiram de forma perversa e covarde. Não admitimos a exposição da dignidade da pessoa”, conclui.
Boletins de ocorrência.
De acordo com a Delegacia de Polícia Civil, cinco jovens registram boletim de ocorrência por lesão corporal e as investigações estão em andamento. Com queimaduras nas costas e ombro, a caloura de agronomia, Gabriela Karina Kerber, de 21 anos, é umas das vítimas que procurou a polícia
Em entrevista ao G1 na quarta-feira (17), Gabriela diz que os veteranos usaram tinta automotiva, larvicida e creolina na brincadeira. "Não esperava que seria dessa forma. Aceitei participar de um trote normal. Eles entraram na sala e disseram para nós que iria ser um trote, mas que não iria ter agressão, e não iria ter sangue. Começaram a pintar as mãos e o pés. Depois começaram jogar um liquido na gente", lembra.
Composição
Segundo a bula do larvicida, o produto usado no trote é recomendado apenas para o tratamento de bicheiras em animais, provocadas por larvas ou ferimentos externos. A inalação do mesmo é proibida, sendo vetado o uso em aves. O produto também é altamente inflamável.
Já a creolina é usada em limpeza ou na dissolvia de produtos químicos, como desinfetantes.
Atendimentos médicos
Após o trote, os jovens procuraram atendimento médico em hospitais do município com queimaduras pelo corpo. A caloura Kelissa Luila Pereira Rodrigues, de 19 anos, sofreu lesões no ombro e braço. "Disseram para gente que iria ser uma brincadeira com tinta. Quando estávamos cheios de tinta, eles começaram a jogar um produto químico na gente, que começou a queimar e a arder. Foi muita dor", relata.
Já o calouro Lucas Ribeiro Boehm, de 17 anos, ficou internado em um hospital particular da cidade, com queimaduras de primeiro grau nas costas, ombro e tórax. "Jogaram lepecid com creolina e, na hora que bateu no corpo, começou a queimar. Senti muita dor. Comecei a pular e não parava a dor. Nesse momento corri para o banheiro. Ardia muito. Fiquei meio tonto, quase desmaiei, e um amigo me trouxe para o hospital", relatou.
Posicionamento
Após o fato, a Faculdade da Amazônia divulgou nota repudiando o trote aplicado pelos calouros de agronomia. Segundo a instituição, brincadeiras violentas são proibidas dentro da faculdade e que "a responsabilidade de cada aluno veterano será rigorosamente apurada, através de Processo Administrativo Disciplinar, que já foi instaurado, a fim de que a cada acadêmico veterano envolvido sejam aplicadas as penalidades administrativas cabíveis, que vão desde a suspensão até a expulsão".
Colniza Noticias/G1
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