MT cresce no setor energético e 3 usinas são construídas no Teles Pires
Mato Grosso é um dos Estados que cresce acima da média brasileira e apesar de ter ainda a produção de grãos e de bovinos como carro chefe, outros setores começam a ganhar destaque e um deles é o energético, pois tem vocação para geração de ene
Mato Grosso é um dos Estados que cresce acima da média brasileira e apesar de ter ainda a produção de grãos e de bovinos como carro chefe, outros setores começam a ganhar destaque e um deles é o energético, pois tem vocação para geração de energia hídrica. Prova disso é o complexo Teles Pires, composto por seis usinas, sendo quatro localizadas na região Norte.
O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Seneri Paludo, destaca que a produção de energia com novas usinas é importante para o Sistema Elétrico de Mato Grosso e para o país, uma vez que contribui para a redução da necessidade de geração das termoelétricas, que além de gerarem energia com preço mais caro, têm impacto ambiental elevado. “Em nível de Estado, essa produção possibilita robustez no Sistema Elétrico, o que garante maior confiabilidade no ponto de vista operacional”.
A expectativa do governo federal era de que, pelo menos, duas usinas entrassem em funcionamento ainda este ano. A Hidrelétrica Teles Pires está com 100% da obra concluída, mas a construção dos linhões atrasou e a previsão é operar a partir de novembro. A usina irá gerar 1820 MW e tem capacidade para atender a população de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul juntas.
A usina de Colíder, por sua vez, assinou contrato com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 2010, e era para ter concluído a obra em 30 de abril deste ano. A Aneel, no entanto, solicitou a prorrogação por quase dois anos, ficando para fevereiro de 2017, e alegou problemas com o licenciamento ambiental, greves de funcionários, vandalismo e burocracia que impediram a conclusão do projeto dentro do prazo estabelecido.
Sem aceitar as justificativas, a empresa Copel, responsável pela obra, foi multada em R$ 720 milhões. Este período de cinco anos em que está em obra foi de bastante turbulência. Isto porque a empresa foi denunciada pela morte de milhares de peixes, devido à falha na execução da obra de desvio do rio, depois também foi alvo de vândalos, tendo parte da estrutura provisória do canteiro de obra incendiada. Contudo, apesar dos percalços a Companhia Parananense de Energia segue à frente do empreendimento e as obras estão em andamento.
O empreendimento terá potência instalada de 300 megawatts, o suficiente para atender ao consumo de uma cidade com 850 mil habitantes. Além de Nova Canaã do Norte e Itaúba, a usina também abrangerá áreas dos municípios de Colíder e Cláudia devido à extensão de seu reservatório que terá 171,7 km².
Outra usina com as obras em andamento é a de Sinop. Esta é mais recente e ainda está dentro do prazo, com previsão para entrar em funcionamento em 2018. O direito de implantação da UHE Sinop foi concedido à Companhia Energética de Sinop a partir de leilão da Aneel, realizado em 29 de agosto de 2013.
Com investimentos de R$ 1,8 bilhão, a UHE Sinop deverá ser concluída em 1º de janeiro de 2018, sendo construída a fio d’água, ou seja, toda água que entra no reservatório, seja pelos afluentes ou pelas chuvas, sai passando pelas turbinas e é utilizada para a geração de energia.
Este projeto caracteriza-se pela disposição de uma Casa de Força com duas turbinas/geradores e potência instalada de 400 megawatts/hora (MWh). Isso corresponde a geração de energia elétrica para 1,6 milhão de pessoas, equivalente a 50% da população de Mato Grosso. O reservatório a ser formado terá área de inundação de 337 km². A construção desse empreendimento irá gerar mais de 3 mil empregos diretos.
A obra iniciada mais recentemente é a da Usina São Manoel, localizada na divida de Mato Grosso com Pará, estando a 125 km do município de Paranaíta. O consórcio Constran-UTC UHE deu início às obras de construção e montagem da hidrelétrica pertencente à Empresa de Energia São Manoel S.A (Furnas/EDP), em setembro do ano passado, e a expectativa de conclusão é agosto de 2017. O empreendimento terá uma capacidade mínima de 700MW. A represa tem previsão de inundar uma área de 64 km².
Arrecadação e desenvolvimento
A compensação financeira pela utilização de recursos hídricos, chamada Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos (CFURH), é estabelecida em 6,75% do valor da energia produzida pelo empreendimento. Os beneficiários do montante são o Estado (45%), municípios (45%) e órgãos da administração direta da União (10%).
O Governo agora analisa a cobrança de ICMS de usinas e pequenas centrais hidrelétricas (PCH), que atualmente são isentas e apenas o Estados que compram a energia conseguem receber o imposto. A proposta de tributação é do deputado estadual Dilmar Dal Bosco (DEM), que debateu o assunto com o governador Pedro Taques (PSDB) esta semana.
Seneri também destaca o grande potencial de Mato Grosso para energia solar (fotovoltaica) e o Governo estuda fomentar a regulamentação da autogeração, que é a produção própria com painéis solares em residência e empresas, que poderão vender o excedente no mercado. Neste sentido, a Sedec voltará a publicar o Balanço Energético de Mato Grosso, que trará dados retroativos a 2010, pois a última edição ocorreu, em 2009.
Impactos
As usinas de Teles Pires e São Manoel tiveram os licenciamentos liberados pelo Ibama, por ser região de divida entre Mato Grosso e Pará. Já a de Colíder e a de Sinop foram autorizados pela secretaria estadual de Meio Ambiente (Sema).
A superintendente de Infraestrutura, Mineração, Indústria e Serviço da Sema, Lilian Ferreira, explica que os estudos foram feitos primeiramente pela empresa de pesquisa energética do governo federal, depois é feito um estudo de impacto de cada uma das usinas, sendo a unidade estadual responsável pelas usinas de Colíder e Sinop. “No início identifica-se todos os impactos que vão ocorrer e o empreendedor propõe as medidas que para diminuir impactos e aqueles que não têm como ser reduzidos são feitas medidas compensatórias”.
Lilian ressalta que é feito o acompanhamento desde a instalação e operação da usina. Assegura que apesar da quantidade de usinas instaladas no leito do Rio Teles Pires, não existe o risco de secar, nem mesmo em longo prazo. Entretanto, não se descarta a extinção de algumas espécies tanto da fauna quanto da flora.
Fonte: RD News
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