MT terá R$ 800 mi em "dinheiro novo"
A projeção das cifras foi anunciada pelo superintendente Regional da Caixa Econômica Federal, Moacyr do Espírito Santo.
Os saques de contas ativas e inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS/Pasep deverão injetar, já a partir de setembro, cerca de R$ 800 milhões em ‘dinheiro novo’, na economia mato-grossense. A projeção das cifras foi anunciada pelo superintendente Regional da Caixa Econômica Federal, Moacyr do Espírito Santo.
Conforme Espírito Santo, serão aproximadamente R$ 500 milhões referentes aos saque do FGTS e mais R$ 300 milhões referentes ao PIS/Pasep. Cerca de 1,18 milhão de trabalhadores mato-grossenses deverão ser beneficiados com a medida, já confirmada pelo governo Federal.
A projeção financeira – que a partir de novembro se junta à injeção de recursos provenientes dos pagamentos do 13º salário - foi recebida com entusiasmo pelo presidente e pelo superintendente da CDL Cuiabá, Fábio Granja. "Imaginar que de setembro até dezembro teremos essa injeção na nossa economia mato-grossense é animador. Recebemos a notícia com grande satisfação e acreditamos que através desse montante poderemos ter pessoas buscando negociar dívidas e outras realizando compras, com isso o nosso comércio poderá elevar os resultados neste segundo semestre. Esse tipo de notícia é importante para que nos reergamos depois de um longo período de retrocesso", afirmou Soares.
Além de ser um “dinheiro novo”, como destaca o presidente da CDL/Cuiabá, serão recursos que não vão ser aplicados apenas para pagar contas, serão utilizados para realização de compras também. “Vai aquecer a economia de uma maneira bastante impactante, concorrendo inclusive para geração de empregos, reduzindo a curva de desemprego, e ainda, gerando impostos para os cofres dos Estados. É uma medida que ajuda a fortalecer a economia”.
Mais do que ampliar vendas e melhorar as perspectivas de desempenho do comércio ao longo desse ano, os saques trarão um conjunto de influencias positivas, que além do impacto direto sobre o fluxo de caixa das empresas, também poderá contribuir para redução do número de inadimplentes nos cadastros de restrição e como consequência da movimentação na economia como todo, melhorar as oportunidades de emprego, pontua novamente Soares Júnior.
De acordo com o mais recente levantamento realizado pela Serasa Experian, quase 45% dos mato-grossenses adultos estavam inadimplentes até o mês de maio. O percentual (44,8%) é o maior entre os estados do Centro-Oeste e o sexto entre os estados brasileiros. Catorze estados estão com as taxas acima da média nacional (40,1%).
Lideram o ranking da Serasa Experian, Roraima, onde 58% da população adulta estavam com dívidas atrasadas e negativadas em maio de 2019. Pela ordem aparecem: Amapá (52%), Amazonas (50,5%), Acre (50,4%) e Rio de Janeiro (46,7%). No outro extremo está Santa Catarina ocupa o último lugar do ranking, com 33,7% da população acima de 18 anos inadimplente.
Em relação ao Centro-Oeste, Mato Grosso Sul tem o menor índice de inadimplentes e negativados, 38,7% da população adulta. Mato Grosso está na primeira colocação em relação ao maior volume de devedores. Seguem em destaque o Distrito Federal com 43,3% e Goiás, 41,5%.
“É dinheiro novo e com certeza vai circular na economia, pois vai ajudar, e muito, todas as classes sociais”, destacou o vice-presidente da Fecomércio/MT, Manoel Procópio. Ele destaca ainda que esses recursos extras trazem ânimo ao planejamento das empresas e dos consumidores. “É uma medida que reanima as vendas e ajuda na melhora da economia do país”. Ele aponta também que o setor do comércio é o que mais sente, e de forma imediata, os períodos de crises, turbulências e incertezas na economia. “Podemos esperar pela retomada da atividade por meio do reaquecimento das vendas”. Uma revisão sobre o desempenho do setor em 2019 no Estado, para melhor, não está descartada, segundo ele.
Para o presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Mato Grosso (Facmat), Jonas Alves de Souza, além de ser um ‘dinheiro novo’, que ninguém aventava que pudesse ser liberado, “ele chega em um momento de economia estagnada e sem perspectivas de melhora no curto prazo, a não ser, por influencia da reforma da Previdência”. Com os mais de R$ 63 bilhões, Alves acredita que haverá uma positiva “mexida no comércio, por meio da alta do consumo. Movimento que será percebido pelo aumento no fluxo de vendas em todos os municípios de Mato Grosso”.
CRÉDITO - Na oportunidade ainda, Soares informou que atualmente 95% das empresas de Mato Grosso estão no Simples Nacional. Ele também indagou o superintende da Caixa sobre essa possiblidade de uma linha de crédito para o pequeno comerciante. "Seria muito bom se conseguíssemos essa linha para o pequeno empresário, sem que ele tenha que dar grandes garantias, além do seu próprio estoque", disse ele.
Sobre isso, Espírito Santo solicitou que o presidente da CDL Cuiabá aguarde a visita do presidente da Caixa. "Temos certeza de que nesse encontro ele trará boas notícias para o pequeno empresário de Mato Grosso", disse ele.
Segundo o ministro Paulo Guedes, a expectativa do governo federal é de que as liberações injetem na economia do país o total de R$ 63 bilhões. O objetivo é liberar R$ 42 bilhões com os saques do FGTS e R$21 bilhões com o Programa de Integração Social (PIS) e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep). Ainda de acordo com o ministro da Economia, os recursos do FGTS poderão ser sacados no mês de aniversário dos que tiverem o benefício disponível.
Ao contrário do governo Temer, quando o saque foi liberado para contas inativas, a nova medida vai permitir a retirada de parte do saldo do trabalhador empregado. Atualmente, o dinheiro do FGTS só pode ser retirado quando o trabalhador se aposenta ou compra um imóvel, ou quando é demitido sem justa causa, quando pode sacar 70% do Fundo. A conta, por sua vez, só é considerada ativa enquanto estiver recebendo depósitos da empresa contratual. Já o PIS é um abono pago aos trabalhadores da iniciativa privada administrado pela Caixa Econômica Federal, enquanto que o Pasep é pago a servidores públicos por meio do Banco do Brasil.
MARIANNA PERES
Diário de Cuiabá
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