Polícia indicia quatro por chacina de trabalhadores rurais em Colniza (MT)
Suspeito de ser o mandante está com a prisão temporária decretada, mas ainda não foi preso. Assassinato de nove pessoas ocorreu no dia 19 de abril.
A Polícia Civil concluiu o inquérito da chacina de nove trabalhadores rurais na gleba Taquaruçu do Norte, em Colniza, a 1.065 km de Cuiabá, e abriu uma investigação complementar sobre quem teria sido o mandante do crime. Por ora, quatro pessoas foram indiciadas, conforme o delegado Edson Pick, responsável pelo caso.
Ronaldo Dalmoneck, Pedro Ramos Nogueira e Paulo Neves Nogueira, esses dois últimos tio e sobrinho, vão responder por homicídio qualificado e associação criminosa. O nome do quarto indiciado e a tipificação do crime não foram divulgados.
Pedro Ramos e Paulo Neves estão presos preventivamente, enquanto Ronaldo está com a prisão preventiva decretada, mas ainda não foi preso. O G1 não localizou a defesa deles.
Suspeito de ser o mandante do crime, o empresário do ramo madeireiro Valdelir João de Souza, de 41 anos, está com a prisão temporária decretada, mas não foi indiciado, segundo a polícia. A defesa chegou a negociar a entrega às autoridades policiais, mas isso não ocorreu. Ele teria negócios em Mato Grosso e em Rondônia. O G1 não conseguiu falar com o advogado dele.
Os pistoleiros seriam chefiados pelo ex-sargento da Polícia Militar de Rondônia Moisés Ferreira de Souza. Ele já é procurado por outro crime cometido naquele estado e por essa razão não teve a prisão pedida pela polícia mato-grossense.
A chacina ocorreu no dia 19 de abril e foi motivada por uma disputa por exploração ilegal de madeira, afirma a Polícia Civil. As investigações apontaram que homens encapuzados foram até o local e torturaram e mataram nove homens. Dois trabalhadores foram assassinados com golpes de facão e sete com tiros de espingarda calibre 12. A gleba é de difícil acesso e fica a aproximadamente 200 km de Colniza.
A área onde ocorreu a chacina chegou a pertencer à Cooperativa Agrícola Mista de Produção Roosevelt após disputa judicial com o dono de uma fazenda. Mas, segundo a Secretaria de Segurança Pública (Sesp-MT), parte da área de 42 mil hectares foi vendida irregularmente para outro fazendeiro e, depois que a cooperativa foi desfeita, uma nova associação foi formada.
A nova associação passou a reivindicar parte do território vendido, diz a Sesp-MT. Atualmente, 15 mil hectares são ocupados por trabalhadores rurais. Mais de 200 famílias viviam ali, mas a maioria foi embora depois da chacina.
Os trabalhadores mortos foram identificados como Sebastião Ferreira de Souza, 57, Izaul Brito dos Santos, 50, Ezequias Santos de Oliveira, 26, Samuel Antônio da Cunha, 23, Francisco Chaves da Silva, 56, Aldo Aparecido Carlini, 50, Edson Alves Antunes, 32, Valmir Rangeu do Nascimento, 55, e Fábio Rodrigues dos Santos, de 37 anos.
Há 11 anos, outra chacina foi cometida na região de Taquaruçu do Norte. Naquela ocasião, cinco pessoas foram mortas e dez torturadas numa briga por terras. Os crimes foram investigados na operação Ouro Verde, da Polícia Civil, que em 2007 prendeu 39 pessoas, entre elas fazendeiros que atuariam na extração ilegal de madeira.
Colniza Notícias/G1
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