Posseiros obrigaram acampados a comer terra para não morrer, denuncia Pastoral da Terra
A Comissão da Pastoral da Terra (CPT) de Mato Grosso está acompanhando de perto a situação violenta que acontece no entorno de quatro fazendas na região de Guarantã do Norte e Novo Mundo, no extremo norte do estado. A área que está sendo disputada
A Comissão da Pastoral da Terra (CPT) de Mato Grosso está acompanhando de perto a situação violenta que acontece no entorno de quatro fazendas na região de Guarantã do Norte e Novo Mundo, no extremo norte do estado. A área que está sendo disputada por posseiros e acampados do Movimento Sem Terra (MST) possui 380 mil hectares de terras da União.
Os posseiros, que usufruem do local de forma irregular, mantém jagunços armados 24h por dia e, segundo a Pastoral, já ordenaram mais de 50 ataques e mataram 12 homens desde 1999, quando começou a guerra pela terra.
Segundo Cristiano Cabral, um dos diretores da CPT, foram três ataques -- fora as ameaças -- nos últimos três anos. Em um desses, os acampados do MST foram obrigados a comer terra sob a mira de uma arma.
“A pressão dos capangas é muito grande. Eles botam fogo, arrancam os moradores dos barracos, procuram os líderes e até abusam de outros. Em 2015 houve até quem comeu terra para não morrer. Segundo o relato dos moradores, os jagunços, alguns mascarados, outros não, chegam, jogam gasolina, matam cachorro, pato, galinha, atiram para o alto, ameaçam de morte e ainda fazem covardias”, contou Cabral.
A Pastoral da Terra é uma comissão da Igreja Católica que intervém junto aos acampados, exigindo que a Justiça, o Estado ou a União, libere logo a área para que os trabalhadores possam plantar. O último ataque dos jagunços, conforme informado aconteceu no dia 21 de fevereiro.
O Acampamento Boa Esperança, onde estavam os acampados, foi atacado por mais de dez homens armados, que vestiam camisetas da Polícia Civil e gritavam que estavam agindo em nome de coronel Airton Siqueira Júnior, da Polícia Militar.
Cristiano Cabral desmentiu a informação sobre o mandante do caso e garante que o fazendeiro que contratou os jagunços é um posseiro da Gleba Nhandu, que atualmente reside em São Paulo, identificado como Marcelo Bassan.
“Temos provas que é ele e a polícia nada fez. Queremos algum tipo de providência ou aquele lugar vai se tornar um novo ponto de massacre. Temos 150 famílias acampadas na região e não temos controle sobre os bandidos. Tem recado que eles vão voltar, mas se voltar vão matar. O que faremos? Alguém tem que tomar uma providência ou iremos ter sangue derramado”, desabafa o diretor da CPT.
Em resposta aos atos dos posseiros, representantes do Governo do Estado, Advocacia Geral da União (AGU) e Ministério Público Federal (MPF) se reuniram na manhã desta terça-feira (1) com o juiz Murilo Mendes, da 1ª Vara Federal de Sinop, para tratar do conflito agrário que se arrasta há cerca de 10 anos na região da Gleba Nhandu.
O grupo expôs ao magistrado a preocupação com o clima de tensão entre acampados e fazendeiros, com ameaças de morte, tiroteios, atentados e homicídios, enquanto aguardam uma decisão judicial.
Esta foi mais uma ação da comissão multissetorial criada pelo governador Pedro Taques imediatamente após o ataque realizado no dia 21 de fevereiro contra assentados da Fazenda Araúna. O objetivo é adotar medidas para evitar maiores danos. Por enquanto, nenhuma decisão judicial foi proferida pelo magistrado.
Fonte: hiper noticias
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