Produtores negam interdição de BR e invasão de área
Produtores rurais do Distrito de Estrela do Araguaia, também conhecido como Posto da Mata, no município de Alto Boa Vista (1.059 km a Nordeste da Capital), negaram nesta segunda-feira (27) que tenham invadido o território indígena de Marãiwatsédé.A
Produtores rurais do Distrito de Estrela do Araguaia, também conhecido como Posto da Mata, no município de Alto Boa Vista (1.059 km a Nordeste da Capital), negaram nesta segunda-feira (27) que tenham invadido o território indígena de Marãiwatsédé.
A terra é considerada território xavante pela Justiça Federal e foi entregue à etnia, com intervenção do Governo Federal, há exatamente um ano.
Hoje, uma intimação da Justiça pediu o retorno da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal ao local, para evitar uma nova invasão da área, que estaria sendo programada pelos produtores. A informação teria sido confirmada pelo cacique Damião Paridzané, que teria sido impedido de circular pela área.
Ao MidiaNews, o produtor Nivaldo Oliveira negou a invasão, afirmando que Damião disse “inverdades”.
“Não há nada disso. Algumas famílias estão alojadas no Posto da Mata, mas sem invadir, de maneira pacífica, para pedir o que nos foi prometido e, até o momento, não foi cumprido. Não estamos fechando BR e nem impedindo ninguém de circular. O que o cacique diz são inverdades”, afirmou.
Também ex-produtor rural na região, Marcilon Pereira disse ao site que não houve e não haverá invasão às terras.
“O que queremos é o que nos prometeram. Eu tinha 25 hectares de terra produtiva, deixei ela do mesmo jeito para o Governo devolvê-la aos indígenas, e o que recebi foi um hectare. Tenho escritura e morei por 19 anos no local. Igual a mim, existem outros tantos. E como ficamos?”, questionou.
“Nossa manifestação é pacífica e vamos continuar no Posto da Mata, enquanto não formos ouvidos. Queremos uma solução para nossa situação”, completou Marcilon Pereira.
Outro lado
Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério Público Federal (MPF) informou que informações ligadas à desapropriação são de responsabilidade do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Em acordo realizado no final de 2012, o Incra havia informado ao MPF sobre a existência de quatro propriedades próximas à terra indígena Marãiwatsédé, consideradas aptas a receber pessoas que se enquadravam no perfil da reforma agrária.
Em Ribeirão Cascalheira (900 km a Nordeste da Capital), eram dois projetos de assentamento: Santa Rita e Primorosa, que dispunham de 264 vagas.
Em Canarana (a 823 km), o Projeto Guatapará, criado para 200 famílias, tem expectativa de existência de 80 vagas.
A quarta propriedade citada pelo Incra era um imóvel de 12.486 hectares em Água Boa (730 km a Leste de Cuiabá).
O projeto de assentamento rural a ser criado possuirá capacidade para 401 famílias, sendo que metade dele poderá ser destinado ao assentamento dos ocupantes de Marãiwatsédé.
O Incra foi procurado pela reportagem para informar da atual situação dos produtores rurais, porém não foi possível contato por telefone.
Marãiwatséde
Homologada em 1998, por meio de um decreto presidencial, como terra indígena de ocupação tradicional do povo xavante, Marãiwatsédé passou pelo processo de desintrusão, que é a saída de todos os ocupantes não indígenas, somente 14 anos depois.
A retirada dos não-indígenas foi determinada pela Justiça após ação ajuizada pelo MPF em Mato Grosso.
Em janeiro de 2013, a Funai anunciou a conclusão do trabalho de desintrusão com a desocupação de todos os 619 pontos residenciais e comerciais que estavam localizados dentro da terra indígena.
Com cerca de 165 mil hectares, a Terra Indígena Marãiwatsédé localizada no município de Alto Boa Vista, São Felix do Araguaia e Bom Jesus do Araguaia, na região Noroeste de Mato Grosso.
Midia News
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