Projeto quer incentivar criação de abelhas sem ferrão em Mato Grosso
Com as abelhas sem ferrão, é possível abrir uma caixa cheia delas sem nenhuma proteção e não ser atacado por ferrões. Elas produzem menos mel que as abelhas europeias e africanas, que têm ferrão. Mas mesmo assim começam a conquistar um nicho de
Com as abelhas sem ferrão, é possível abrir uma caixa cheia delas sem nenhuma proteção e não ser atacado por ferrões. Elas produzem menos mel que as abelhas europeias e africanas, que têm ferrão. Mas mesmo assim começam a conquistar um nicho de mercado.
“O nosso ecossistema não tinha esse tipo de abelha [com ferrão]. Nossas abelhas são as melíponas e as trigonas basicamente. A produção de mel que existia no Brasil que os índios conhecem saem dessas abelhas", diz o engenheiro agrônomo, Espedito Stefanello
Essa característica permite que essas abelhas, conhecida como melíponas, sejam criadas perto de animais e pessoas. Mas nas últimas décadas, estas abelhas perderam espaço na preferência dos apicultores, que passaram a investir nas abelhas com ferrão, que são bem mais produtivas.
A africanizada não é nativa do Brasil, mas é a mais comum entre os produtores. Enquanto uma colmeia dela pode produzir em média 60 quilos de mel por ano, a da abelha sem ferrão alcança no máximo oito quilos. Em compensação, vale até cinco vezes mais.
Apicultor há quase trinta anos, Jeferson Banderó começou agora a também investir na criação das abelhas sem ferrão, encontrando um nicho de mercado.
Ele comenta que, em média, elas produzem bem menos que as outras, mas quem quiser se dedicar à criação dentro da lei ambiental específica, pode se dedicar a produzir enxames para vender, pode ter uma atividade rentável.
Além de produzir um mel mais caro, as abelhas sem ferrão também têm papel importante na preservação do meio ambiente. Stefanello explica que a maioria das plantas tem a chamada polinização cruzada, ou seja, o pólen tem que sair da flor masculina e chegar na feminina para que haja a formação de sementes e frutos.
Os pequenos produtores da região colocarão as caixas com as abelhas em uma área de cultivo agroflorestal na região - que envolve a floresta com a produção de alimentos - para que assim elas possam ajudar na polinização das plantas. “A polinização se dá pelo vento, pelas chuvas, ação de insetos como borboletas, morcegos, mas 80% desse processo é realizado pelas abelhas", diz.
Segundo ele, na região a grande maioria dos produtores ainda não se deu conta de quanto é importante ter as abelhas presentes nas lavouras para fazer este processo de polinização, enquanto que em outras regiões o pessoal já está pagando o apicultor para que ele traga as abelhas na época da floração e tenha com isso um incremento na produtividade na lavoura"
A importância das abelhas levou o Centro de Pesquisas da Embrapa de Sinop, a 503 km deCuiabá, a construir um meliponário, local onde se cria, multiplica e preserva as abelhas melíponas, nativas do Brasil, sem ferrão. O meliponário serve também para incentivar a criação de abelhas por iniciantes na atividade.
“Queremos criar essa conscientização e incentivar as pessoas da cidade a criarem essas abelhas sem ferrão na sua casa, dentro do conceito pet. Assim como se pode ter um gato ou um cachorro, pode-se ter uma caixa de abelhas em casa”, destaca.
Fonte: G1MT
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