Sema abre investigação contra 2 servidores por fraudes de R$ 104 milhões em MT
Com a procedência atestada oficialmente, uma madeira que havia sido extraída irregularmente poderia ser comercializada
O Governo de Mato Grosso instaurou um procedimento administrativo contra os servidores Paulo Miguel Renó e Juliana Aguiar da Silva, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT). Ambos estariam envolvidos na "Operação Dríades" deflagrada em agosto de 2015 e que investiga um esquema envolvendo fraudes na emissão de guias florestais, créditos florestais que só existiam no sistema da Secretaria, e que, posteriormente, poderiam ser utilizados para regularizar madeiras de “qualquer procedência”. A instauração do procedimento administrativo, que pode acarretar a demissão dos servidores, foi publicada na edição do Diário Oficial da última quinta-feira (6).
Miguel Renó é servidor da Sema e Juliana Aguiar da Silva foi gerente do Sisflora/CC-Sema, o sistema da Secretaria utilizado para as fraudes. Ambos teriam sido indicados aos cargos pelos deputado estadual Mauro Savi (PSB) e pelo ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, José Geraldo Riva, também denunciados na operação.
Segundo a denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado), objetivo de arquitetar o esquema visava o pagamento de dívidas de campanhas eleitorais. Ambos servidores podem são investigados por utilizar o cargo para proveito pessoal, além de aceitar comissões e outros benefícios de um Estado que não seja Mato Grosso – as vendas teriam sido realizadas para madeireiras do Pará e de Goiás. Miguel e Juliana podem ser demitidos se forem enquadrados nos crimes contra administração pública, improbidade administrativa, lesão aos cofres públicos e corrupção.
A OPERAÇÃO
O Gaeco deflagrou no dia 26 de agosto de 2015 a operação “Dríades”, que teve como objetivo desmantelar uma organização criminosa que atuava Sema-MT. O grupo agia cometendo fraudes no Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora) por meio da emissão e cancelamento de guias florestais visando a multiplicação de créditos indevidos para os Estados de Goiás e Pará.
No total, 2.022 operações fraudulentas foram geradas, acarretando em créditos indevidos de 148.873,9964 m³ de madeiras, de diversas espécies. As investigações iniciaram-se em janeiro de 2015 por meio de uma auditoria, realizada pela própria Sema-MT, que detectou que quatro madeireiras localizadas em Mato Grosso fraudaram o Sisflora, emitindo, e logo em seguida cancelando, guias florestais.
A autorização da venda de produtos florestais ao Pará e a Goiás foi indevidamente concedida por servidores da secretaria. Com a emissão dos créditos, que só existia no sistema, uma vez que fisicamente não havia madeira extraída, era possível regularizar este tipo de produto – que tem extração e comercialização controlada pelos órgãos ambientais competentes, como a Sema-MT.
Com a procedência atestada oficialmente, uma madeira que havia sido extraída irregularmente poderia ser comercializada. Segundo as investigações, assessores parlamentares, além da vereadora de Nova Monte Verde (946 km de Cuiabá), Eliana Klitzke Lauvers (PSD), teriam oferecido vantagem indevida para que a fraude ocorresse.
Considerando que cada metro cúbico de madeira poderia custar em 2015, em média, R$ 700 aproximadamente, o montante da fraude seria de R$ 104,2 milhões. Segundo informações do Gaeco, “dríade”, na mitologia grega, eram ninfas associadas aos carvalhos. A lenda afirma que cada dríade nascia junto com uma determinada árvore e vivia em suas proximidades.
Quando a sua árvore era cortada ou morta, a divindade também morria. Os deuses, no entanto, puniam aqueles que praticavam tais atos.
Fonte: folha max
O que achou? ... comente