Ex-presidente da Funai diz que foi demitido por discordar de indicações políticas
Antônio Costa afirmou que líder do governo no Congresso indicou 'pessoas sem compromisso' com causa indígena para cargos na Funai. 'Não compactuei com malfeitos', disse o ex-dirigente.
O ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) Antônio Fernandes Toninho Costa afirmou nesta sexta-feira (5) que foi demitido por discordar de indicações políticas para o órgão. Em entrevista coletiva concedida na portaria da fundação, o ex-dirigente acrescentou ainda que não compactua com "malfeitos” do governo federal em relação às causas indígenas.
A demissão de Antônio Costa foi publicada na edição desta sexta-feira do “Diário Oficial da União”. A exoneração foi assinada pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. O governo ainda não indicou o novo presidente da Funai.
“Eu não permiti e jamais poderia permitir [indicações políticas] porque a Funai é composta de cargos técnicos e de servidores concursados. E jamais eu poderia deixar entrar na instituição pessoas que não têm nenhum compromisso com as causas indígenas”, declarou Antônio Costa aos jornalistas na manhã desta sexta, quando já estava formalmente demitido do comando da fundação.
Questionado por repórteres sobre quem teria feito indicações políticas para cargos dentro da Funai. Antônio Costa disse que a ingerência partiu, inicialmente, do líder do governo no Congresso, mas não quis mencionar o nome do deputado André Moura (PSC-SE).
“Eu não atendi a essas indicações e jamais atenderia porque o meu compromisso é com as políticas indígenas e com os servidores da Funai”, enfatizou.
“Eu prefiro não citar o nome do líder do governo, mas a imprensa já divulgou o nome dessa pessoa que me pediu para fazer coisas que eu não poderia cumprir”, complementou o ex-presidente da Funai.
O G1 não havia conseguido localizar o deputado André Moura até a última atualização desta reportagem.
'Malfeito'
Além de acusar o líder do governo no Congresso de tentar fazer indicações políticas para a Funai, Antônio Costa também declarou que foi demitido do comando da fundação porque é “honesto” e não se curvou para fazer o “malfeito”.
Costa deixa o cargo em meio a um momento conturbado das políticas para os índios no país. No último final de semana, um conflito agrário no Maranhão deixou pelo menos dez pessoas feridas, entre as quais índios da etnia Gamela.
Na última terça-feira (2), questionado sobre o caso, Costa disse que a situação "fugiu ao controle" da Funai e reclamou que o órgão não tinha condições de acompanhar todos os pedidos de demarcação de terras indígenas em razão de "mão de obra escassa". Na ocasião, o agora ex-presidente da fundação se queixou do corte de 44% no orçamento do órgão.
Fonte: Por Gustavo Garcia, G1, Brasília
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