MT enfrenta derrame de notas falsas
Em tempos de crise econômica e “dinheiro mais curto”, cresce o número de cédulas falsas circulando pelas mãos dos mato-grossenses. Nos 4 primeiros meses deste ano, o Banco Central recolheu 1,767 mil unidades no Estado. A quantidade corresponde a 3
Em tempos de crise econômica e “dinheiro mais curto”, cresce o número de cédulas falsas circulando pelas mãos dos mato-grossenses. Nos 4 primeiros meses deste ano, o Banco Central recolheu 1,767 mil unidades no Estado. A quantidade corresponde a 37,6% do total recolhido durante 2015, quando 4,693 mil cédulas foram confiscadas pela autoridade monetária nacional.
As notas de 50 reais são as preferidas pelos falsários, correspondendo a 65,81% do total recolhido este ano, ou 1,163 mil cédulas. As principais vítimas são os empreendimentos ou prestadores de serviços de pequeno porte, pela baixa capacidade de se constatar tentativas de fraude, além de idosos.
O taxista, L.C, 49, prefere não ser identificado. Ele foi vítima do golpe da cédula falsa há duas semanas. “Eu estava passando em frente a praça Santos Dumont, em Cuiabá, quando um jovem aparentemente bem vestido solicitou que eu parasse. Ele pediu que o levasse até a um shopping na avenida Fernando Correa da Costa. Quando me pagou, utilizou uma nota de R$ 100, e eu devolvi R$ 70 de troco”.
L.C relata que no momento que pegou a nota não percebeu que era falsa, já que a textura, o formato e até a marca d’água pareciam ser idênticos ao de uma cédula original. Contudo, quando tentou passar a nota adiante foi barrado porque o vendedor utilizou de uma caneta especial que constata a autenticidade da nota. “Foi uma decepção. Eu não percebi que a cédula era falsa”. Ele diz que o rapaz, que aparentava ter uns 20 anos e possuía uma grande quantidade da mesma nota.
O empresário Marcos Vinícius Amorim, 27, possui uma loja de variedades e souvenires. Há 5 anos, ele atua no setor comercial e relata que por duas vezes já foi vítima de cédulas falsas, e em ambas, com notas de R$ 50. Ele conta que a falta de experiencia para lidar com dinheiro e técnica de identificação de cédulas fraudadas dão garantia de exito aos golpistas. “Só fui descobrir que se tratavam de cédulas falsas quando depositamos no banco e, a instituição financeira nos informou que se tratava de dinheiro falsificado. Ficamos no prejuízo”.
Contudo, a lição serviu para que Amorim adotasse medidas simples de identificação. Começou a usar uma caneta específica, que ajuda a identificar a autenticidade do dinheiro. “Agora é muito simples saber. Se a tinta ficar transparente, a cédula é verdadeira. Se ficar colorida, então é falsificada”. O empresário avalia que as condicies econômicas adversas tem fomentado o aumento de pessoas que tentam aplicar este golpe. “Com esta onda de falta de emprego, muita gente acaba arrumando meios criminosos para tentar garantir o sustento”.
A operadora de caixa Leia Stefany, 18, trabalha na empresa da família. Ela relata que praticamente toda semana alguém tenta aplicar o golpe da cédula falsa. “Sempre que algum cliente tenta pagar com cédula falsa, eu abordo de forma tranquila. Primeiro pergunto se a pessoa tem uma outra nota. Se o cliente questiona, eu respondo que a cédula que ela me passou é falsa”.
Léia relata que a maior parte dos que tentam fazer isso são idosos. “Não que eles sejam criminosos, mas é que acabam sendo vítimas de algum golpe, e quando tentam passar a cédula para frente acabam caindo nesta situação vexatória”. A operadora diz que para reconhecer a autenticidade de uma moeda utiliza de 3 técnicas. “A primeira é a textura. As notas verdadeiras são mais ásperas, enquanto que as falsas são lisas. A segunda técnica é a marca d’água, que se diferencia com mais brilho em notas verdadeiras. E por fim, utilizo a caneta que deixa a marca da tinta colorida se a cédula não for autentica”.
O vice-presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Mato Grosso (Fecomércio/MT), Roberto Peron, avalia que os empreendedores precisam manter vigilância total para não cair no golpe da nota falsa. “Principalmente as pequenas empresas, que em geral são formadas por familiares, e por sua vez, são menos preparados para perceber uma suposta fraude”.
Peron orienta que ao receber uma nota falsa é importante acionar a Polícia Federal, para que tome as medidas cabíveis. “Infelizmente, com o avanço da tecnologia, está cada vez mais difícil diferenciar uma moeda falsa de uma original. Principalmente, porque é possível imprimi-las em máquinas de alta definição, ou com sistemas gráficos modernos que permitem a emissão de quantidades grandes de notas deste tipo”.
Fonte: Vinícius Bruno, repórter de A Gazeta
O que achou? ... comente