Preço do etanol volta a subir e se aproxima dos R$ 4,00
Atrasos na linha de produção e alta no preço de insumos têm pressionado o preço nas bombas dos postos de combustíveis da capital
O preço do etanol hidratado nas bombas dos postos de combustíveis em Cuiabá volta a se aproximar da faixa dos R$ 4 o litro. Em alguns locais da cidade, há estabelecimentos comercializando o produto a R$ 3,89 por litro. Ainda nestes primeiros meses do ano, o etanol já chegou a ser vendido a R$ 4,11 por litro na capital de Mato Grosso.
A volatilidade nos preços é comum na cadeia dos combustíveis, mas para o último ponto dessa cadeia, o consumidor, é sempre difícil aceitar esses reajustes. A complexidade do ciclo dos combustíveis é uma das barreiras para a compreensão. No caso do etanol, dentre uma série de fatores, dois estão em destaque: o encarecimento histórico do milho e a lentidão na produção do etanol de cana-de-açúcar, as principais matérias-primas das indústrias.
O preço do milho bateu novo recorde na série histórica do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP) e atingiu o valor de R$ 100 a saca de 60kg – no mercado futuro da bolsa de valores, na última semana. “A baixa oferta do cereal no mercado spot nacional é o principal fator de sustentação”, aponta o Cepea.
Em Mato Grosso, o milho é o principal insumo de produção de etanol para as indústrias e teve valorização de quase 160% nos últimos 12 meses. A saca de 60 kg era vendida a R$ 31 no dia 7 de maio de 2020. Já no mesmo dia deste ano, o preço chegou a R$ 79,78 no estado. O resultado disso é o aumento no preço do etanol aos consumidores.
“Em média, no ano passado, pagava-se um mínimo de R$ 23 a saca, mas hoje está chegado a R$ 80 em Mato Grosso e já está batendo a casa dos R$ 105 na bolsa de valores. Então, não tem como chegar a um preço final mais baixo com um insumo tão alto”, destaca Jorge dos Santos, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindalcool-MT).
Além do aumento no preço do matéria-prima, o setor também ‘briga’ pelo grão com o mercado externo. “A importação está muito forte e impacta nos preços. Na última semana, o reajuste foi de 15 centavos”, ressalta Jorge.
A disputa no mercado cresce de acordo com a demanda. Neste ano, a previsão é de redução de milho na praça, ainda um dos reflexos da seca de 2020, o que deve acarretar em preços maiores nos próximos meses.
Fonte: Priscilla Silva/ Repórter - Estadão Mato Grosso
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