Riva vive impasse entre candidatura de Janete ou Janaína
A um ano de se aposentar da vida pública, o deputado estadual José Riva (PSD) afirma que sua esposa e filha, Janete e Janaína, respectivamente, ainda não decidiram qual das duas deve sucedê-lo na Assembleia Legislativa.Conforme o parlamentar, uma “
A um ano de se aposentar da vida pública, o deputado estadual José Riva (PSD) afirma que sua esposa e filha, Janete e Janaína, respectivamente, ainda não decidiram qual das duas deve sucedê-lo na Assembleia Legislativa.
Conforme o parlamentar, uma “empurra” para a outra a responsabilidade de assumir uma candidatura. Riva chega a ponderar a possibilidade de nenhuma delas disputar o pleito de 2014, mas, em contrapartida, avalia que a família não pode deixar de ter um representante na política.
Sobre seu futuro, o deputado diz que se prepara para trabalhar e se desgastar menos, passando a cuidar com mais atenção de seus negócios particulares. Garante, todavia, que não vai abandonar a política partidária.
Em entrevista ao Diário, o deputado também falou sobre a polêmica envolvendo seu genro, o ex-presidente da Câmara de Cuiabá, João Emanuel (PSD), que renunciou ao cargo após ser acusado de fraude em licitações pelo Ministério Público.
DIÁRIO - A base está tendo dificuldade de encontrar um nome para a sucessão de Silval Barbosa (PMDB) no governo do Estado. Neste momento, o senhor defende algum candidato?
JOSÉ RIVA – Não. Acho que não existe essa preocupação de nomes e eles não são importantes neste momento. Nomes bons têm. Vejo muitos afirmarem que não são candidatos: o Blairo [Maggi] (PR); o Eraí [Maggi] (PP), que ensaiou uma candidatura; o Julier [Sebastião da Silva], que começou a trabalhar. Acho que na hora que o grupo encontrar um nome, com a força que tem, as lideranças que tem, essa candidatura vai estar viabilizada. Acho até que este não é o momento oportuno de expor este nome. O momento é a partir de fevereiro, de preferência depois do Carnaval. Não tenha dúvida que ela [a candidatura] é extremamente viável.
DIÁRIO – Se o governador Silval Barbosa deixar o governo em abril, Chico Daltro (PSD) passa a ser o candidato natural da base?
RIVA - Não necessariamente. Ele nunca se colocou na condição de candidato. Lógico que passa a ser uma peça muito importante no jogo da sucessão, acho que com muita força. Se for candidato, se tiver o desejo de ser - ele nunca expressou isso para mim -, é extremamente forte. E, se não for, vai ter influência muito grande na sucessão. Disso não tenho dúvida nenhuma. Mas ainda não vou dizer que, ao assumir o governo do Estado, ele será automaticamente candidato. Acho que nem ele tomou essa decisão.
DIÁRIO - Se o governador lhe pedisse um conselho, o que o senhor diria: terminar o mandato ou se candidatar ao Senado?
RIVA - É muito difícil dar uma sugestão em um momento como este. Primeiro é um governo que tem muitos pontos a serem atacados, mas é um governo também com muitas realizações. É preciso saber tirar proveito disso: das obras do MT Integrado, da Copa do Mundo, de muitas obras que foram feitas no Estado. Acho que nunca se fez tantas obras neste Estado como agora, mas temos algumas situações para serem superadas e que foram objetos de muitas críticas, por exemplo, a questão das estradas e da saúde. Então, o governador deve estar, acho eu, que em um conflito interno muito grande. Não deve ter essa decisão ainda, até porque ele tem até abril para tomá-la.
Mas, se ele pedir minha opinião, lógico que eu ia, acima de tudo, dizer que fizesse o que achasse melhor para ele. O que ele fizer, contará com nosso apoio. Se ele achar que é melhor ser candidato, vamos ser parceiro, apoiá-lo na candidatura. Se ele achar que é melhor terminar o governo, vamos entender isso. Até porque muitas coisas plantadas neste governo ainda não foram colhidas. Talvez ele queira ficar até o final para colher os louros deste trabalho.
DIÁRIO - Como o senhor enxerga essa aproximação do PR, através do deputado federal Wellington Fagundes, com o senador Pedro Taques (PDT)? Pelos sinais que tem dado, ele quer ser candidato a senador da chapa de Taques.
RIVA - Acho que não tem futuro. Mesmo que o Wellington deseje ser candidato, tenho ouvindo muito que a maior parte da base o PR é contra. Quando você toma uma decisão como essa, com a base muito dividida, o prejuízo é muito grande. Mesmo que você leve a maioria, aqueles que ficarem causam estrago. Acho muito difícil fazer uma aliança hoje entre o PR e o Pedro Taques. Mas é uma situação deles, não me envolvo nisso. Já temos o PSD para cuidar. Mas, com certeza, se tomarem uma decisão como essa, grande parte do PR vai ficar pelo meio do caminho e o prejuízo para as duas candidaturas, tanto a de senador como a de governo, será muito grande.
DIÁRIO - Tomando como irreversível sua decisão de deixar a política partidária, o que o senhor pretende fazer a partir de janeiro de 2015, quando terminar seu mandato?
RIVA - Vou desenvolver minhas atividades, ficar no mundo empresarial. Acho que tenho muito ainda para fazer. Tenho 54 anos com muita disposição para o trabalho e certeza de condições de render muito mais, trabalhando e me desgastando menos. Costumo brincar que vou ganhar mais, trabalhar e gastar menos. É lógico que vou desenvolver o que já faço hoje, mas com mais amplitude. Cuido dos negócios hoje meio à distância, dependendo de muita gente. Vou passar a cuidar um pouco melhor dos meus negócios.
Não sou uma pessoa ambiciosa, que quer abraçar o mundo. Acho que a gente precisa de muito pouco para viver e vou trabalhar dentro das minhas possibilidades na atividade empresarial. Mas não vou largar a política partidária, nela continuo militando. Minha intenção sempre foi a de não disputar mais mandatos. Primeiro, por achar que já contribui muito para esse Estado com seis mandatos: um de prefeito e cinco de deputado estadual. Segundo, porque vão surgindo novas lideranças e é natural que elas queriam espaço. Para disputar um mandato de deputado estadual eu continuaria aniquilando essas novas lideranças. Hoje sou consciente de que, para disputar um mandato majoritário, teria que ter um cenário muito mais favorável.
DIÁRIO - Janete ou Janaina? Quem será sua candidata?
RIVA - Ainda não sei [risos]. As duas vão ter que se decidir. O engraçado é que uma quer que a outra seja e, talvez, dependendo da decisão delas, pode até não ser nenhuma. Mas acho muito difícil ficar sem uma pessoa da família disputando mandato, devido à ligação que se criou, pela necessidade de alguém na base, fazendo um contraponto na região do Arinos, na região Noroeste. Acho a Janete muito mais experiente, mas a Janaina, vamos dizer assim, tem muita disposição, além de mais política, talvez, que a Janete. As duas, com certeza, seriam eleitas se a gente fizer um trabalho bom na base. Não teriam dificuldades.
DIÁRIO – Mudando um pouco de assunto, qual foi o maior erro do vereador João Emanuel (PSD) como presidente da Câmara de Cuiabá?
RIVA - É uma situação que eu não gosto nem de comentar porque a gente não está na pele do cara. Primeiro, o João [Emanuel] não ter, desde o início, levado muito a sério aquilo que ele conversou no período de pré-campanha: manter o colegiado unido, decisões colegiadas, fazer uma reforma do Regimento [Interno] e se cercar por pessoas maduras, que pudessem orientá-lo.
Eu, particularmente, em que pese muita gente falar o contrário, sempre procurei deixar o João muito à vontade para tomar as decisões dele. Meus conselhos sempre foram no sentido de que, quem assume uma presidência de colegiado, tem que estar em sintonia com esse colegiado. Tem que, todos os dias, conversar. Talvez essa seja uma razão de eu ter sempre, mesmo com todas as dificuldades, o apoio do colegiado. Nunca deixei de ouvir, de trocar ideias, de discutir o destino da Assembleia com o colegiado. Então, acho que o João errou aí, em não ter, desde o início, feito esse trabalho e montado uma equipe com mais experiência.
DIÁRIO - O senhor acha que esses problemas do João Emanuel podem significar o fim de algum sonho mais alto na política?
RIVA - Não sei qual o sonho do João. Ele foi eleito vereador e sempre falou em ser candidato à reeleição. Acho que ele tem uma reeleição segura pelo trabalho que faz. É uma pessoa que dá muita atenção à base, atende os companheiros bem. Acompanho, nos momentos em que estamos juntos. Ele atende mais telefone que eu. São pessoas de associações de bairros que o procuram. Então, acho que, para uma reeleição de vereador, o João não teria dificuldades. Se ele levar a sério a partir de agora, tem tudo para se reconstruir politicamente.
DIÁRIO - Depois do episódio que culminou na renúncia dele, o que o senhor disse para ele como sogro e como político?
RIVA - Um conselho que sempre dou para o João é que, o ideal, é a gente aprender sempre com os erros dos outros. Se não foi possível isso, procurar o máximo de proveito dos seus erros, para não errar mais. Acho que o João é jovem, inteligente e é determinado. Tem tudo para superar isso. Vi muito o vídeo e percebi que 99% do que ele falou era, na verdade, coisa que não existe. Talvez ele quisesse, naquele momento, se mostrar forte com coisas que eram ilusão. Então, acho que o João deve tirar proveito disso. Mas também acho que terá que trabalhar mais do que antes para recuperar sua vida política.
DIÁRIO – Falando agora de seu trabalho na Assembleia, o seu projeto sobre a redistribuição do Fethab sofreu algumas críticas por prever a partilha só a partir de 2015. Por que não já em 2014?
RIVA - É muito simples e acho que as pessoas que criticam desconhecem a conjuntura do Estado. Primeiro, os recursos já estão comprometidos com as obras da Copa do Mundo. Seria uma sacanagem você comprometer agora todos os investimentos da Copa, tirando os recursos do Fethab. Segundo, você não tem condições de construir este índice [necessário para a distribuição] em menos de um ano.
Cada município vai ter que fazer seu mapa rodoviário, porque a distribuição vai se dar em 30% com base na malha rodoviária municipal, 30% com base na malha rodoviária estadual, 30% com base no IDH invertido, 5% com base na população e outros 5% com base na receita efetivamente realizada no município. Então, seria impossível construir esse índice a “toque de caixa”. 2015 é o tempo mínimo.
Também já havia um comprometimento desses recursos. Independentemente da Copa, já tínhamos um orçamento pronto.
DIÁRIO - E o orçamento impositivo, vai valer já em 2014?
RIVA - Também em 2015, porque o planejamento público é composto por três peças: o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) e a Lei de Orçamentária Anual (LOA).
No momento em que apresentamos essa proposta - e ela só ganhou força após uma semelhante, que tramita no Congresso Nacional, aparecer - nós já tínhamos aprovado o PPA e a LDO. Então, para ter um orçamento impositivo aplicável, é preciso aprovar a LDO com os instrumentos necessários para garantir a aplicação desse orçamento.
É muito complicado falar em orçamento impositivo e seria como qualquer lei ser imposta de um dia para o outro, sem o mínimo de conscientização, sem a equipe técnica do governo preparada para isso, sem discussão com os Poderes.
Hoje, durante o ano, o governo mexe no orçamento centenas, até milhares de vezes, remanejando, suplementando de um setor para outro e isso vai acabar com o orçamento impositivo.
Primeiro, vamos aprovar uma LDO para preparar para o orçamento impositivo já no primeiro semestre de 2014. No segundo semestre, quando chegar o orçamento, a discussão será, sem dúvida, diferente.
Cada Poder vai ter que colocar, dentro deste orçamento, o valor da sua folha de pagamento. Hoje ninguém consegue pagar a folha de servidores sem suplementação. Acho que ninguém tem [recursos para] mais de dez folhas, mas são doze meses e um 13º. A Assembleia não tem, o Estado não tem e os Poderes não tem. Isso porque a cultura do orçamento é isso: uma peça de ficção que vai sendo mexida ao longo do ano, de acordo com o comportamento da receita. Então, será necessário que os técnicos dos Poderes tenham condições de prever melhor a receita e trabalhar com base nisso.
Seria impossível [para 2014], mas já é um avanço considerável. A sociedade vai passar a acreditar mais no orçamento quando souber que o foi incluído ali será executado.
DIÁRIO – Mas, no caso de acontecer uma greve, como fica este orçamento?
RIVA – Primeiro, acho que o governo não tem que se pautar pelas greves. Tem que ter uma política salarial. O grande problema deste governo e dos outros é que ninguém teve isso. Sempre na hora que a represa encheu e estourou, é que viram o problema. As discussões se deram por pressão política e, às vezes, até saindo da própria Assembleia. Para os profissionais da Educação, por exemplo, não tinha nada mais justo do que estabelecer uma política salarial mais justa, mas isso deveria ter começado pelo próprio governo, lá atrás, mas ele deixou que, primeiro, acontecesse a greve.
Mas o governo se preparou melhor e acho que dificilmente nós teremos categorias com tanta força de mobilização como os profissionais da Educação e Segurança. Acho que já há uma política estadual estabelecida com mais justiça.
DIÁRIO – E o anexo do deputado José Domingos Fraga (PSD), sobre a obrigatoriedade de pagamento das emendas parlamentares saiu do texto desta lei por quê?
RIVA - Não saiu do texto da lei. Na verdade, a emenda constitucional [do pagamento das emendas] foi um grande equívoco do deputado José Domingos. O orçamento é impositivo como um todo. Tudo o que estiver no orçamento, inclusive as emendas parlamentares, serão impositivas. Mas o deputado José Domingos ainda não conseguiu entender isso. Aquele projeto era inócuo, não atingia o objetivo. Votei a favor para ele não dizer: “ah, o deputado Riva é contra”. Até no momento da votação um grupo de deputados ficou em dúvida do porque votar aquilo, já que temos o orçamento impositivo assegurado.
O objetivo do novo orçamento, dentre outros, será o de acabar com as emendas parlamentares, para não ter que ficar todos os dias correndo atrás do governo. Não dá para entender corretamente o que pretende aquela emenda do deputado José Domingos. Tenho muito respeito por ele, talvez seja um dos mais produtivos, dos mais trabalhadores e determinados, mas é desnecessária essa emenda.
COLNIZAMTNOTICIAS/ THIAGO ANDRADE
DIÁRIO DE CUIABÁ
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